Por Luiz Gustavo
Em entrevista ao GE, Dorival Júnior falou sobre as conquistas no Flamengo, os rótulos de ‘paizão’ e a saída conturbada do clube.
Sobre ser um técnico que faz apenas o ‘feijão com arroz’:
“O que é o simples no futebol? Eu ouvi muito no ano passado. A equipe do flamengo jogava simples. O que era o simples? Sendo que ninguém tinha tentado sequer colocar Pedro e Gabriel juntos. Muito se falava a respeito dos dois jogadores e ninguém tinha tentado essa fórmula absurda de jogar. Aí, sim, simplicidade para jogar. Concordo. Mas cada um respeitando as suas funções, e o Gabriel não deixou de ser efetivo, de ser participativo, de ser o artilheiro que sempre foi. Pedro mostrando toda a capacidade que tinha. Os demais jogadores jogando dentro de funções importantes e desenvolvendo.”
Na sua chegada ao Flamengo, Dorival revelou uma conversa com os medalhões da equipe e a importância de já ter relação com boa parte do elenco:
“Eu já conhecia a grande maioria dos jogadores do Flamengo. Eu tinha tido ali quatro ou cinco que estiveram no Santos comigo. Eu tinha tido o Filipe Luís, praticamente iniciando no figueirense. Tinha vários jogadores que já haviam jogado na minha passagem anterior em 2018. O Everton mesmo. Em 2018, eu já falava para o Everton que se eu ficasse em 2019 no Flamengo, ele iria jogar por dentro. Era um desperdício de talento ter um jogador daquele nível, daquela condição num canto do campo. Foi um jogador muito importante, porque tanto na recomposição quanto na criação ele participava ativamente, criando realmente um corredor para que a gente pudesse ter na recuperação do Rodinei um atacante e uma válvula, que para a gente foi fundamental. Filipe Luís fazia praticamente um meia por dentro, participando da criação e da organização da equipe. Eu acho que o diferencial foi uma reunião que tivemos e o Diego falou: “Dorival, a gente precisa de um caminho”. Eu falei: “Então vocês acreditem, que podem ter certeza de que nós vamos encontrar juntos esse caminho. E o que eu estou propondo nesse momento é isso aqui”. Eu acredito que eles tenham entendido. Entenderam, abraçaram, se desdobraram em campo.”
Ex-técnico do Flamengo, Dorival Júnior falou sobre a saída conturbada do clube no final de 2022 e o anúncio por meio de um vídeo:
“Eu não lembro detalhes, mas eu acho que o público tinha que ter o conhecimento pela minha palavra daquilo que havia acontecido para que não houvesse nenhum mal-entendido. “Ah, o Dorival fez uma pedida absurda. Ah, o Dorival quer uma cláusula de contrato. Ah, o Dorival quer isso, quer aquilo”. Não. Não houve. Isso não aconteceu. Então, eu acho que as pessoas tinham que ouvir pela minha pessoa o sentimento daquele momento. Eu fiquei chateado? Muito, mas não passou disso. Nunca levei para outro lado. Jamais. Entendi e respeitei a posição da diretoria. Tinham o direito de tomar a decisão que quisessem. Eu tinha um contrato que iria até aquele final de mês. Ou melhor, do mês seguinte (dezembro de 2022). E comigo foi cumprido tudo da forma mais correta possível. Então eu não tinha motivos nenhum para sair criticando, batendo.”
O treinador também afirmou que em nenhum momento chegou a questionar a diretoria rubro-negra pela escolha da não renovação:
“Não, eu nunca fiz isso. Eu acho que as pessoas têm que ter liberdade de movimento e fazerem aquilo que achassem conveniente. Apenas isso. Quando aconteceu do (Bruno) Spindel comunicar ao meu empresário a respeito da não renovação, eu tinha por obrigação de passar ao público para que não houvesse nenhum mal-entendido. Para mim, não tem problema nenhum. Lógico que gostaria muito de ter continuado, porque eu sentia que aquele momento era muito bom para que pudéssemos dar sequência ao trabalho. Agora não houve nenhuma alteração da minha parte com relação a qualquer outro tipo de sentimento. Não mesmo. Só tenho a agradecer tudo que recebi da torcida do flamengo. A confiança da diretoria em me colocar naquele momento à frente da equipe. O que criamos com aquele grupo de jogadores. A recepção que eu tive em todos os momentos que nós tivemos juntos, eu acho que isso daí para qualquer profissional é marcante.”
Sobre as férias prolongadas ao elenco, Dorival disse que não foi uma decisão que passou por ele:
“Não. Nossa comissão técnica não tem nada a ver com essa decisão e, pelo contrário, tinha uma opinião que foi externada em reunião após o título em Guayaquil. Nosso desejo era de que os jogadores se reapresentassem no dia 19/12, e com treinamentos durante a semana e folgas sábados e domingos de dezembro, para comemorarem as festas de fim de ano. Realmente, foi um tema com vozes discordantes e decidimos para bater o martelo após a definição da renovação, porém não abriria mão desse retorno dia 19.”